Alberto Caeiro, heterônimo de Fernando Pessoa, escreveu este pequeno poema, chamado "Quando vier a primavera".
Aqui, declamado por Valdemar Santos, ator Português.
Adoro este poema. Adora esta declamação.
Desfrutem. Vale a pena.
Aqui, declamado por Valdemar Santos, ator Português.
Adoro este poema. Adora esta declamação.
Desfrutem. Vale a pena.
Quando Vier a Primavera
(Alberto Caeiro)
Quando vier a Primavera,
Se eu já estiver morto,
As flores florirão da mesma maneira
E as árvores não serão menos verdes que na Primavera passada.
A realidade não precisa de mim.
Sinto uma alegria enorme
Ao pensar que a minha morte não tem importância nenhuma
Se soubesse que amanhã morria
E a Primavera era depois de amanhã,
Morreria contente, porque ela era depois de amanhã.
Se esse é o seu tempo, quando havia ela de vir senão no seu tempo?
Gosto que tudo seja real e que tudo esteja certo;
E gosto porque assim seria, mesmo que eu não gostasse.
Por isso, se morrer agora, morro contente,
Porque tudo é real e tudo está certo.
Podem rezar latim sobre o meu caixão, se quiserem.
Se quiserem, podem dançar e cantar à roda dele.
Não tenho preferências para quando já não puder ter preferências.
O que for, quando for, é que será o que é.
Grande Pessoa é esse Fernando, hein?! Autor admirável, criativo, maravilhoso! Alberto Caeiro, com toda sua simplicidade, sempre foi um de meus favoritos heterônimos. Acho que essa ligação dele com a natureza é deveras mui bela, e toda essa simplicidade que não é assim tão singela como se espera... Amo quando ele conclui que o mundo sem ele continua, que ele não é tão importante assim e nem deseja sê-lo... Ah! Que ser tão simplista e conformado com sua pequenez e finitude diante da grandiosa e "imortal" natureza!
ResponderExcluirMas esse "conformar" deixa a vida muito mais bonita... :)
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