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quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

Pessoal, o Lápis 2B vai ser definitivamente desativado.
A partir de agora, podem me acompanhar por AQUI.
Vejo vocês lá! :)

terça-feira, 3 de janeiro de 2017

Ano novo, vida nova e blá blá blá...

Mais um ano começou e percebi que faz algum tempo isso anda abandonado.

Não temam! Este será um ano diferente!
(No fim, não são todos?)

Entre as muitas resoluções de ano novo, todas definidas já neste ano (pra começar diferente), está a de voltar a escrever e levar mais a sério outras artes, como a fotografia e o desenho.

Vamos lá ver como isso corre ;)

Desejo a todos um excelente ano!
(Façam por isto... :P)


Abraços e até já!

quarta-feira, 1 de julho de 2015

[conto] Manuela não acredita no amor...



Manuela não acreditava no amor. Também não acreditava em gnomos, carros ou dentistas. A verdade é que simplesmente não acreditava. Fosse no que fosse. Aliás, Manuela não tinha nome. Não de nascença, pelo menos. O “Manuela” surgiu já muito tarde em sua curta vida. Somando-se o facto de não acreditar no amor, pode muito bem ter sido culpa do nome que lhe fora impingido, à revelia, a verdadeira causa do seu trágico fim. Quem poderá afirmar com toda a certeza?

Nasceu em África, numa época em que a escravidão era facto corriqueiro e aceite. Nunca conheceu os pais. Não que isso fosse motivo de incômodo. De onde vinha, pais e filhos era um conceito tão alienígena quanto imaginar um homem das cavernas na Lua. Onde cresceu, sobreviver era mais importante e, contra todas as expectativas, vivia.

Infelizmente há males que não podem ser evitados, mesmo quando não se acredita neles.

Aconteceu que um marinheiro, de passagem pela região onde Manuela costumava lagartear ao sol, ao ver seu belo corpo nu, não conteve sua cobiça e tomou-a para si, levando-a para longe de África num negreiro de partida para Lisboa.

Sobrevivente de muitas viagens, o marinheiro deixara toda sua sorte no navio, pois que em terra, as cartas foram sua perdição. Acabou por ter de vender Manuela, até então sem nome, pois mesmo verdadeiramente afeiçoado, nunca passou-lhe pela cabeça que ela precisava de um.

Apesar de todos os carinhos que o marinheiro ofereceu-lhe durante o tempo em que estiveram juntos, Manuela continuava sem acreditar no amor. Pode-se dizer que ser vendida teve algo a ver com isso, claro. Mas a verdade é que era-lhe impossível acreditar no amor. Ou no que quer que seja. Manuela era assim simples.  

Por fim, acabou por ir viver à casa de uma rica família lisboeta. Fora comprada para fazer companhia ao filho mais velho, João. Entretanto, por ser considerada um animal selvagem, era mantida o tempo todo prisioneira em uma gaiola. Nada mais do que uma atração por sua exótica beleza.

Fora de João a ideia de batizar-lhe Manuela. Dera-lhe o nome de sua irmã, com a clara intenção de irritá-la. Entretanto, o único irritado com toda a situação era o gato da família, sempre a rondar a jaula e a bufar para Manuela, tentando agarrá-la  por entre as barras de sua prisão. A irmã de João compadeceu-se e passou a amar Manuela como se fosse uma irmã, sempre protegendo-a das garras do gato. 

Certo dia, às escondidas, Manuela, a irmã de João, libertou a pequena Manuela, a prisioneira, de sua prisão. Puxou-a para seu colo para acariciá-la, num ímpeto de demonstrar-lhe todo seu amor. Mas Manuela não acreditava no amor e fugiu correndo pela porta, dando de caras com o gato.

E este foi seu triste fim, pois o gato, muito gordo e ainda mais malvado, comeu Manuela, que afinal nem era ela, mas antes e tão somente, um pequeno lagarto.

segunda-feira, 29 de junho de 2015

[conto] Ser ou não ser...



Um vulto.

O telemóvel caiu fazendo desaparecer o chefe no meio da descompostura. Cerrou os olhos. Ambas as mãos agarraram-se ao volante como se ali tivessem nascido, crescido e petrificado. Os pés, todos eles, tentavam parar o carro, na esperança de que aqui a matemática ainda fosse a mesma e dois fosse mais do que um. O indesejável e inevitável baque seco. Finalmente o silvo dos pneus cessou. A eternidade chegou ao fim duas vezes antes de ganhar coragem para abrir os olhos. Noite. Estrada. Casas mortas à direita. Um bosque à esquerda. Tudo permanecia imóvel como se nada tivesse acontecido. Não fosse o semáforo derramando uma luz vermelha e cansada, apenas o calor lhe faria companhia.

?!

Uma coisa verde ergueu-se lentamente à frente do carro. Dirigiu-se para o lado do motorista e rapidamente deixou de ser apenas uma coisa verde para se transformar em uma coisa verde com um anão por baixo. Este carregava uma pilha de livros velhos. Era dono de uma longa barba branca. Vestia-se a rigor, se você estiver pensando em uma festa de anões de jardim. Aproximou-se da janela aberta e ergueu a coisa verde, que finalmente revelou-se uma cartola quase tão alta quanto o dono. Tirou um pequeno cigarro do emaranhado de cabelos que ali se escondiam e esperou, em vão, que lhe oferecessem lume. Grunhiu. Fez um pequeno gesto que tanto poderia significar um “está bem, deixa lá...” quanto um “foda-se!”. Virou-se e seguiu em direcção ao bosque, desaparecendo na escuridão e devolvendo-o ao silêncio. 

Uma suave batida na janela do passageiro tirou-o do transe.

!!

Um palhaço surgido sabe-se lá de onde começou a chorar copiosamente, ao mesmo tempo em que movia a manivela de um realejo mudo. Um leitão, envergando uma gravata borboleta e com cara de poucos amigos atirava cartões da sorte para a janela. Todos em branco. Sorte? Perguntou. A resposta, involuntária, veio num esgar, e o palhaço foi-se embora para o bosque, ainda em prantos, carregando um porco enfurecido aos guinchos, deixando música onde antes nada havia.

A música acalmou-o e por fim deu-se conta de algo que balouçava-se suavemente à frente do carro, embalado pela suave melodia.
 


Iluminada pelos faróis como se estivesse no maior espectáculo do mundo, uma bailarina começou a dançar como se nada mais houvesse. Seus cabelos castanhos, lisos, chegavam-lhe à cintura, mas preferiam voar, hipnotizando-o. Dançou e dançou até chegar à orla do bosque. Inclinou-se numa vénia. Seu sorriso era a própria luxúria materializada. Fez sinal para que a acompanhasse. Após momentos em que o nada passou a ser a única coisa presente em sua mente, a bailarina suspirou e soprou-lhe um beijo, sumindo pelo bosque, como os outros. 

A música morreu.

O telefone começou a tocar, insistente. Era o chefe. As mãos não conseguiam soltar o volante. O semáforo passou a vermelho. Depois verde. Depois vermelho novamente. 

Permaneceu ali, especado, sem saber se mandava tudo às favas e endoidecia de vez, ou se continuava louco como nunca pensara ser e voltava para sua vida subitamente tão miserável.

domingo, 31 de agosto de 2014

[conto] Sonho de uma manhã de verão

(Fonte: Free Picture)
Iniciou o penoso caminho para a  realidade. Sua mente encontrava-se em um estado de torpor, vagueando por um vórtice de vazios, um sedutor mundo feito de um nada profundo e denso. A cada novo despertar tornava-se mais difícil escapar desse lugar.

Acordou de um sono sem sonhos, deixando-se ficar onde estava: um cobertor puído e mal cheiroso, única proteção contra o frio que  transpirava de forma intensa do chão. Manteve os olhos fechados. Hábito. Se fosse possível enxergar em meio ao breu absoluto que permeava o cômodo, alguém menos atento diria se tratar de um cadáver ressuscitado, não de alguém que acabou de acordar.  Apresentava um semblante sereno. Permanecia imóvel.

sábado, 23 de agosto de 2014

Lápis 2B in English (or almost...)

Source: HDW


Well, well...

I thought that I could practice my bad written english on this blog. But to avoid confusion, I decided to create a "new blog", like a mirror of this one, but in English.

So, you can find the english version of this blog here.

I'm translating the posts that were already published and, after this, I'll resume the usual publishing timing (1-2 posts by month).

See you there! :)

quarta-feira, 16 de julho de 2014

Até mais e obrigado pelos peixes!


Comecei a minha “vida” online frequentando BBS (Bulletin Board System). As BBSs, populares no Brasil no início dos anos 90, permitiam que usuários de qualquer lugar do país conversassem via “chat” ou trocassem arquivos. Uma BBS nada mais era do que uma sala com vários computadores/modems. O número de usuários conectados em simultâneo era limitado pelo número de linhas telefónicas que a sala dispunha. Claro, você tinha que conhecer os números para poder ligar, tinha que se registar, tinha que ser aceito, etc. Era uma espécie de “micro-internet-privada”. Na altura eu não tinha computador, mas tinha amigos que já tinham. Poderosos PCs 80386 e 80486 com 4MB de memória! Era o tempo do MS-DOS, do Unitexto e do WordStar, das redes Novell Netware, do Microsoft Flight Simulator, de músicas MIDI, do Windows 3.11, de saber gerar números de cartão de crédito e comprar facas Ginsu com eles (nunca fiz isso). Era o tempo antes dos identificadores de chamada, em que a verdadeira aventura era roubar pizza dos entregadores (segundo me disseram), ou ligar para “casas de massagem” para passar trote (foi o que eu ouvi). Bons tempos aqueles.