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quarta-feira, 16 de julho de 2014

Até mais e obrigado pelos peixes!


Comecei a minha “vida” online frequentando BBS (Bulletin Board System). As BBSs, populares no Brasil no início dos anos 90, permitiam que usuários de qualquer lugar do país conversassem via “chat” ou trocassem arquivos. Uma BBS nada mais era do que uma sala com vários computadores/modems. O número de usuários conectados em simultâneo era limitado pelo número de linhas telefónicas que a sala dispunha. Claro, você tinha que conhecer os números para poder ligar, tinha que se registar, tinha que ser aceito, etc. Era uma espécie de “micro-internet-privada”. Na altura eu não tinha computador, mas tinha amigos que já tinham. Poderosos PCs 80386 e 80486 com 4MB de memória! Era o tempo do MS-DOS, do Unitexto e do WordStar, das redes Novell Netware, do Microsoft Flight Simulator, de músicas MIDI, do Windows 3.11, de saber gerar números de cartão de crédito e comprar facas Ginsu com eles (nunca fiz isso). Era o tempo antes dos identificadores de chamada, em que a verdadeira aventura era roubar pizza dos entregadores (segundo me disseram), ou ligar para “casas de massagem” para passar trote (foi o que eu ouvi). Bons tempos aqueles.

Depois, quando a “internet” finalmente saiu dos laboratórios e das universidades, passei a ter um e-mail (em um servidor que já não existe há muito tempo), e a utilizar o mIRC, que era um programa que permitia ligar-me a salas de bate-papo de IRC (Internet Relay Chat) e conversar com gente de todo o lado. Era ainda melhor do que a BBS. Todos tínhamos um “nick name”. O Meu? Sem chance de dizer em voz alta. Mas eles garantiam o anonimato. E anonimato+adolescência em toda a sua efervescência... Enfim, ainda bem que passou. Por acaso o mIRC ainda existe. Ainda há quem o use. Se calhar... Não, deixa lá. É melhor não desenterrar os ossos. Vai que eu ainda desencadeio o apocalipse zumbi?

Quando eu finalmente consegui um computador meu e acesso a internet (e isso não faz tanto tempo assim), aderi de imediato ao ICQ!!! Ah... O glorioso ICQ, onde todo mundo metia conversa com todo mundo. Não posso reclamar. Usei por pouco tempo, pois em seguida surgiu o MSN e todo mundo migrou para lá, e a seguir este deu lugar ao Live Messenger, que depois de anos deu lugar ao Skype. Mas foi pelo ICQ que conheci a minha companheira. Valeu a pena.

Logo a seguir ao ICQ, alguém me apresentou ao Orkut e quase ao mesmo tempo ao MySpace, quando esse ainda era uma rede social “genérica” (depois especializou-se em música), mas eu usei o MySpqce muito pouco. O Orkut? Ah, esse eu usei praticamente desde o início. Foi a experiência, em termos de
rede social, mais encantadora que eu tive. Ali eu ri, chorei, briguei, briguei, briguei. Briguei mais um pouco. E continuei a brigar. E resolvi largar aquilo. E voltei, depois que a ressaca passou. Conheci muita gente no Orkut. Muita gente bacana. Muita gente que eu já esqueci. Muita gente que eu tenho no meu messenger (agora skype) e não sei como foi lá parar. Qual foi o segredo do Orkut para a minha felicidade? As comunidades. Eram como os forums, que foram muito populares no início da internet, mas que perderam muito da força, com o tempo. Mas as comunidades eram mais do que forums onde se discutia alguma coisa. Eram mesmo “comunidades”. Pelo menos algumas delas. E eu fui feliz. Mas nem tudo eram flores no mundo encantado do Orkut. A maioria das pessoas não estava feliz.

Eu já tinha uma conta no Facebook desde que me mudara para Portugal, mas usava pouco. Tinha-a apenas porque era a rede que todos estavam usando aqui. E de repente, o Facebook chegou ao Brasil e foi uma revolução. Todo mundo passou a ter facebook e, de uma hora para outra, o Orkut morreu. A Google criou o Google+, para tentar competir com o Facebook e isso foi o tiro de misericórdia no meu querido Orkut. Recentemente recebi a mensagem de que o Orkut será fechado em Setembro, e que em 2016, deixará de existir completamente.
E por alguns anos eu tenho usado o Facebook, quase que exclusivamente. Duas vezes eu me revoltei e desapareci. Nunca cheguei a fechar a conta. Com o tempo, acabei sempre retornando. Sentia uma necessidade de manter contacto com todos aqueles que eu conhecia do Brasil e em outras partes do mundo. Todos estavam lá.

Hoje eu abandono o Facebook pela terceira vez. A terceira é de vez, como se diz por aqui. Vou mesmo encerrar a conta.

O que está diferente das outras vezes? O que foi que mudou? Tanta coisa. Um filho. O trabalho. Planos pessoais. Acima de tudo, a ausência de um motivo real para continuar utilizando a rede. Já não utilizo como antes. Já não comento. Já não “cusco”. Já não sinto necessidade de lá ir.

Principalmente isso. Já não sinto necessidade de lá ir. O Facebook ficou no passado.
E é só isso. Nada de especial. Talvez uma vontade cada vez mais palpável de experimentar mais a vida “real”, o que exige mais tempo. E mais tempo para a realidade significa menos tempo para o “virtual”.

Mas pronto. Eu nasci no século passado. Menos virtualidade não me incomoda como eu achei que iria. Além disso, como puderam notar, eu tive uma vida virtual bastante rica.

No fim, não vou abandonar o mundo virtual por completo. Vou apenas recolher-me para recônditos mais calmos e menos intrusivos na minha vida.

Este espaço continuará a ser utilizado por mim. O conteúdo continuará a aparecer. Mais lentamente, certamente. Mas espero que a minha experiência de vida recompense com um conteúdo de mais qualidade ;)

De resto, podem sempre alcançar-me por e-mail ou então, pessoalmente, o que, para mim, é bem melhor. :)

Abraços!

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