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terça-feira, 6 de maio de 2014

Crítica à Crítica ao Crítico

Fonte: RyotIRAS (via nerdabordo)
Não é fácil ser criticado. Não importa se a crítica não é feita directamente a você. Tudo aquilo que fizemos errado, ou mal feito, é responsabilidade nossa. Pode ser um texto, uma fotografia, uma pintura, um programa de computador, um trabalho escolar. Não importa. Fomos nós que fizemos. Se não está bom, foi a nossa incompetência em realizar o trabalho proposto.

A crítica vem desnudar a nossa vergonha, muitas vezes escondida de nós, convenientemente, por nós mesmos. Não é fácil assumir perante todos que falhamos.
Mas lá por não ser fácil não significa que temos o direito de sucumbir à tentação de pular ao pescoço do crítico, mesmo que metaforicamente. Não temos. Antes pelo contrário.

Mesmo que a vontade de trucidar aquele que nos desnudou seja tão forte que os olhos sintam um súbito impulso de saltar das órbitas para arrancar aquele sorriso jocoso aos tapas, é preciso conter-se. No fim, seja pertinente ou não, a culpa pela crítica é sua. Você pediu. Você tornou seu trabalho público. Você escolheu a alternativa mais difícil: não desistir. No fundo, você gritou um desafio: “Manda cá essas críticas que eu aguento!”. Agora aguenta.

Claro que não é preciso refazer o trabalho a cada crítica recebida, principalmente se a crítica não trás junto uma explicação. Mas rebater uma crítica, principalmente quando ela não trás junto uma explicação, mostra apenas imaturidade. É dizer que não quer críticas, depois de dizer que as queria.

Ah… Entendo. Você não quer críticas que não venham acompanhadas de uma explicação. Você acha que elas não são construtivas?

Toda crítica, sem excepção, é “construtiva”. Mesmo um “Isso está uma bosta!” é construtivo. Alguém está dizendo que não gostou. O que mais você quer? Ninguém tem obrigação de dizer porque raios não gostou. E nós não temos direito algum de exigir uma explicação. Pensar o contrário é ser infantil, querendo que os outros apontem o caminho a seguir. Pior. É ignorar uma dádiva.

Uma crítica, por mais mordaz e sanguinolenta, por mais mal educada, por mais arrogante que seja, ainda é uma crítica, e críticas, de qualquer espécie, são muito difíceis de conseguir. Para que alguém comente sobre aquilo que você fez, é preciso que essa pessoa tenha dedicado algum tempo a avaliar o seu trabalho. E isso não tem preço. 

Portanto, da próxima vez que você receber uma crítica, agradeça. Não explique se não te perguntaram nada. Principalmente, não descarregue a sua frustração em cima daquele que você pensa que é a causa dela. Foi você que pediu a crítica. Seja adulto. Aceita aquilo que te ofereceram. Depois, com o tempo, com a cabeça fria, pode avaliar se tinham razão ou não.

No fim, seja você mesmo o seu maior crítico. O mais mordaz. O mais sedento de seu sangue. O mais arrogante e irrascível. Nunca fique satisfeito com absolutamente nada que você faz. 

No fundo, você pode sempre fazer melhor, porque nada do que você faça vai alcançar a perfeição.

Se te disserem o contrário, estão mentindo...

2 comentários:

  1. Quando tornamos nossos pensamentos privados em públicos, a crítica acaba fazendo parte. Da mesma forma como o sábio chapolim colorado nos explica suas ações, é "sem querer querendo" que evocamos as críticas.

    E a minha para este texto é a melhor possível: Sim, concordo plenamente, em número e grau, com tudo o que vc pontuou tão sobriamente sobre a crítica em seu belo texto, Mr. Jauch! Mandou bem pakas!

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